Conferências de Arouca



abril 2017Repartição dos rendimentos, património e desenvolvimento 

A questão da interação e interdependência entre o desenvolvimento e a forma como a sociedade e o processo produtivo estão organizados, para afetar ou distribuir os resultados da riqueza criada, é um problema central.

A Prof.ª Maria Manuela Silva e o Prof. Carlos Farinha Rodrigues, dois dos mais reputados especialistas, debatem connosco esta problemática e falam-nos daquelas interdependências e da situação hoje existente em Portugal e noutros países. Em Arouca, no dia 22 de abril de 2017.


O texto da intervenção da Prof.ª Manuela Silva - na sua versão integral (incluindo uma segunda parte para a qual não houve tempo de abordar na Conferência) - e os slides de apresentação do Prof. Carlos Farinha Rodrigues, com compilação e sistematização rigorosa de dados muito recentes, podem ser consultado nos links abaixo (a azul).





MANUELA SILVA  
Desenvolver: crescer e repartir 

Tópicos da intervenção

Não basta criticar o tempo que vivemos, é preciso saber vivê-lo de outra maneira. Mas para tal precisamos de conhecer o presente, percepcionar o futuro e buscar os melhores caminhos para o construir.
 
Vivemos em tempo de mudanças profundas e aceleradas que ocorrem em tempo de modernidade líquida, para a qual alertava o sociólogo Zygmunt Bauman na véspera do século XXI. Acresce que perdemos a bússola para planear o futuro, o nosso futuro individual e familar, mas também o das nossas comunidades, países e mundo. As várias crises com as instabilidades que as caracterizam sucedem-se. Dir-se-á, com razão, que a incerteza é a única certeza que temos.
 
No espaço público desta conferência, fora do ruído dos interesses políticos imediatos e da cacofonia dos media e das redes sociais, procuraremos reflectir sobre três interrogações:
           - De que falamos quando falamos de desenvolver, crescer e repartir?
           - Que mudanças, umas já em curso e outras em prospectiva, vão marcar o nosso futuro?
           - Que lugar para um desenvolvimento humano e sustentável?


Nota biográfica
Nasceu em Cascais em 1932 e vive em Lisboa.
Licenciada em Economia, tem Doutoramento honoris causa em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão/Universidade Técnica de Lisboa.
Foi Professora catedrática convidada daquele Instituto.
Desempenhou diversos cargos na Administração Pública.
Foi Secretária de Estado para o Planeamento, no I Governo constitucional (1976-77).
Integrou diferentes grupos de peritos no âmbito da U.E., Conselho da Europa e OIT.
Foi presidente do Movimento Internacional dos Intelectuais Católicos.
Foi presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.
É fundadora e presidente vitalícia da Fundação Betânia.
Presentemente coordena o Grupo Economia e Sociedade (GES).
É membro do Conselho Geral do Montepio – Associação Mutualista.
Tem vários livros e artigos publicados.
Foi agraciada, em Março de 2000, com o grau de Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

CARLOS FARINHA RODRIGUES Desigualdade e pobreza em Portugal: Evolução recente

Tópicos da intervenção

A permanência de elevados níveis de desigualdade económica e de pobreza monetária tem caracterizado a distribuição do rendimento em Portugal ao longo das últimas décadas. No entanto, entre meados da década de 90 e 2009 Portugal conseguiu resultados muito significativos na redução da desigualdade e das várias dimensões da pobreza monetária. No entanto, apesar da melhoria verificada nos seus principais indicadores, a pobreza em Portugal permaneceu mais elevada do que no conjunto dos países da União Europeia.

A profunda crise socioeconómica que afectou as economias desenvolvidas a partir de 2008 teve reflexos profundos em Portugal após 2010, nomeadamente numa clara inversão deste ciclo de diminuição desigualdade e da pobreza. A conjugação dos efeitos da crise económica e das políticas de austeridade implementadas a partir desse ano traduziram-se num inequívoco agravamento das condições de vida da população e num processo de empobrecimento que afectou largos sectores da sociedade.

Nesta apresentação pretende-se expor, de forma simples, mas rigorosa, os vários indicadores utilizados para caracterizar a pobreza e a desigualdade em Portugal, apresentar a evolução desses mesmos indicadores e identificar, sempre que possível, o padrão das transformações ocorridas.


Nota biográfica
Carlos Farinha Rodrigues é Professor do ISEG da Universidade de Lisboa.
Doutorado em Economia as suas áreas de investigação são: Distribuição do Rendimento, Desigualdade e Pobreza; Política Social, Avaliação de Políticas Públicas.
É Coordenador do Mestrado em Economia e Políticas Públicas do ISEG.
É investigador do Cemapre, Presidente da Direcção do Instituto de Políticas Públicas Thomas Jefferson-Correia da Serra, coordenador científico do Observatório das Desigualdades do (CIES-IUL).
É assessor do Instituto Nacional de Estatística desde 2013.
Tem diversos estudos publicados em revistas nacionais e internacionais sobre desigualdade e pobreza em Portugal.
É o responsável nacional pela construção do modelo europeu de microssimulação de políticas sociais Euromod.
Tem diversos estudos publicados sobre a eficácia e a eficiência do Rendimento Social de Inserção em Portugal.
Foi recentemente responsável pelo estudo “Desigualdades Sociais” desenvolvido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.


Alguns registos fotográficos da Conferência

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Referências nos Media:
'Desenvolvimento não é sinónimo de crescimento', jornal Roda Viva