Decorreram nos passados dias 24 e 25 de Março as Jornadas da Floresta. Foram momentos de grande actividade e participação interessada que compreenderam as intervenções não só de agentes locais que deram testemunho da sua experiência, mas também de especialistas de relevo nacional que fizeram um diagnóstico claro e completo dos problemas da floresta em Portugal.
E uma vez que todos desejamos uma natureza harmoniosa e feliz e que isso depende também do nosso empenhamento pedimos ajuda aos poetas. Vejamos o que eles nos dizem.
Ruy Belo - Algumas proposições com pássaros e árvores que o poeta remata com uma referência ao coração
Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
Todos os intervenientes nas Jornadas da Floresta realçaram a importância da participação da sociedade civil.
O poema de Mário Henrique Leiria reforça o apelo ao envolvimento das pessoas:
Mário Henrique leiria - A Nêspera
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece