A manhã desdobrou-se em três momentos: apresentação do projeto FUTURO, apresentação do inquérito previamente realizado nas Escolas, e uma mesa redonda de reflexão partilhada, com discussão aberta à assistência.
Plantar o amanhã com o projeto FUTURO
Ana Maria Pereira, da Universidade Católica, deu a conhecer o FUTURO - Projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, um projeto da AMP e da Universidade Católica, em articulação com uma rede muito alargada de parceiros - entidades e cidadãos. Nascido em 2010, promete criar e manter bolsas de floresta nativa no espaço metropolitano. As atividades do projeto consistem em planear e apoiar intervenções, organizar ações de plantação e manutenção abertas aos cidadãos, produzir plantas nativas (em viveiro), monitorizar os resultados, gerir voluntariado, formar e sensibilizar. Em 2018 cumpriu a meta da árvore número 100.000, mas os resultados alcançados são muito mais qualitativos do que quantitativos.

O FUTURO também acontece em parcelas de Arouca, no Baldio de Ameixieira, Currais e Cales, entre outras. Aqui, assinalou Ana Maria Pereira, são cada vez mais os habitantes das povoações locais que acorrem às ações, ao passo que no início eram sobretudo voluntários vindos das zonas mais urbanas da AMP, um sinal positivo de reconexão com o seu território.
Este projeto de educação e ação foi um excelente exemplo para todos. Afinal, da vontade e do esforço coordenado de muitas pessoas e organizações é possível contribuir para a reabilitação da paisagem e biodiversidade.
Inquérito nas Escolas
A seguir, Luís Santos, estudante do secundário do AEE, foi o portador dos resultados do questionário elaborado pelas Escolas nas anteriores semanas, visando averiguar, junto da comunidade escolar, os conhecimentos sobre espécies florestais, a importância económica e o potencial empregador que se atribui à floresta.
Entre os cerca de 300 inquiridos, sobretudo alunos (60%), todos concordam que a floresta é muito importante (85%) ou, pelo menos, importante (14%); a grande maioria considera o valor económico relevante (34%) ou muito relevante (57%), mas que mais importante do que ganhar dinheiro com a floresta é salvaguardar a biodiversidade. Em linha com o anterior, atribuem à floresta um papel importante ou muito importante no desenvolvimento turístico (27 e 65%, respetivamente) e na criação de emprego (35 e 53%) no município.
Outros números revelaram-se mais surpreendentes (ou não): reconhecendo, 80 a 90% dos inquiridos, o carvalho, o castanheiro e o sobreiro como espécies nativas - espécies que também colhem as preferências para reflorestação - um terço dos alunos tem dificuldade em afirmar que o eucalipto é uma espécie exótica; apesar do que acima foi dito, e embora 73% defenda que deveria haver em Arouca uma oferta de formação profissional relacionada, 65% dos inquiridos considera pouco ou nada provável vir a trabalhar na floresta.
Parte dos inquiridos não encararia este tipo de emprego por considerar que é muito pesado e mal remunerado. Outra parte, por ter familiares no setor e por considerar que há carência de recursos humanos no mercado, recomendaria esta via profissional.
Mesa redonda
Ao Luís, juntou-se o André Moreira, e no contexto de uma mesa redonda moderada por Ana Maria Pereira, que reuniu os estudantes com Pedro Quaresma, engenheiro florestal da Associação Florestal de Entre Douro e Vouga (AFEDV), e Hélio Soares, empresário da indústria de transformação de madeira, e contou com sucessivas intervenções da plateia, refletiu-se sobre a importância da floresta, o seu papel na economia local, e o seu potencial no futuro profissional das novas gerações.
Começou-se por desconstruir algumas das ideias que os resultados do inquérito demonstraram, nomeadamente quanto à remuneração e ao tipo de trabalho na floresta. Hélio Soares e Pedro Quaresma esclareceram que os trabalhos no setor florestal são muito diversos, os mais pesados apoiados por equipamentos específicos, e bem remunerados - operadores de máquina, por exemplo, auferem salários bem superiores à média nacional - em parte, porque há falta de mão-de-obra. Pedro Quaresma referiu a insuficiência de engenheiros florestais, face à procura, e, quando questionado, fez a apologia em enveredar por esta carreira profissional: formação muito abrangente, saídas profissionais diversificadas, boa remuneração; e deu nota de algumas áreas em que o papel do engenheiro florestal é importante: gestão de espaços florestais, gestão de recursos naturais, ordenamento do território, indústrias de base florestal, ensino e investigação, etc, etc.
Os estudantes suscitaram outras questões, como quais seriam as alternativas à monocultura de eucalipto e pinheiro, ou de como compatibilizar a vertente económica e ambiental. A preocupação com a biodiversidade e com a floresta nativa enquanto promotora de biodiversidade, fez-se também sentir.
Observou-se no entanto, que aos proprietários faltam alternativas rentáveis e que o ciclo de retorno económico, mais curto, do eucalipto continua a ser atrativo. Por outro lado, nas outras fileiras que os proprietários poderiam seguir, a falta de boas práticas e a instabilidade legislativa dificultam a consistência de atitudes. Sugere-se que o castanheiro pode ser uma boa alternativa, em certos casos, mas que se pode e deve aprender com a forma de gestão e profissionalismo adotados nas plantações de eucalipto. A ideia de compensar os proprietários pelos denominados “serviços de ecossistema” foi também trazida à conversa.
Os jovens interrogam-se como agir para alterar a realidade. Aventaram o papel importante dos centros de investigação com vista a encontrar formas de valorização dos recursos florestais e relembraram ainda que as escolhas de cada um, enquanto consumidores, podem ter impacto na mudança. Hélio Soares aproveitou e lançou o repto para que estes se informem e se juntem a organizações e associações que estão no terreno, dando o seu contributo.
Não faltou, claro, a interpelação aos mais velhos, pelo estado em que a floresta se encontra, mas isso acabou por servir para explicar ao jovens porque é que no contexto socioeconómico do passado a estrutura que hoje deixou de ser funcional, servia os seus propósitos.
Apostados que estão em implementar uma nova visão, André Moreira observou que é preciso ir além das ideias ou das fotografias e “sujar as mãos”. Vamos a isso!

As professoras Elisa Pinho (AEE) e Glória Tavares (AEA), impulsionadoras e mentoras dos alunos na preparação das Jornadas Juniores, estão de parabéns.
Um porta-voz dos juniores voltará a fazer-se ouvir sobre estas temáticas no dia 27 de abril, na sessão final das Jornadas, que terá lugar na Loja Interativa de Turismo.
Fotos: CMA
Referências nos Media:
Arouca debate "A floresta de que precisamos", Roda Viva jornal
Este projeto de educação e ação foi um excelente exemplo para todos. Afinal, da vontade e do esforço coordenado de muitas pessoas e organizações é possível contribuir para a reabilitação da paisagem e biodiversidade.
Inquérito nas Escolas
A seguir, Luís Santos, estudante do secundário do AEE, foi o portador dos resultados do questionário elaborado pelas Escolas nas anteriores semanas, visando averiguar, junto da comunidade escolar, os conhecimentos sobre espécies florestais, a importância económica e o potencial empregador que se atribui à floresta.

Entre os cerca de 300 inquiridos, sobretudo alunos (60%), todos concordam que a floresta é muito importante (85%) ou, pelo menos, importante (14%); a grande maioria considera o valor económico relevante (34%) ou muito relevante (57%), mas que mais importante do que ganhar dinheiro com a floresta é salvaguardar a biodiversidade. Em linha com o anterior, atribuem à floresta um papel importante ou muito importante no desenvolvimento turístico (27 e 65%, respetivamente) e na criação de emprego (35 e 53%) no município.
Outros números revelaram-se mais surpreendentes (ou não): reconhecendo, 80 a 90% dos inquiridos, o carvalho, o castanheiro e o sobreiro como espécies nativas - espécies que também colhem as preferências para reflorestação - um terço dos alunos tem dificuldade em afirmar que o eucalipto é uma espécie exótica; apesar do que acima foi dito, e embora 73% defenda que deveria haver em Arouca uma oferta de formação profissional relacionada, 65% dos inquiridos considera pouco ou nada provável vir a trabalhar na floresta.
Parte dos inquiridos não encararia este tipo de emprego por considerar que é muito pesado e mal remunerado. Outra parte, por ter familiares no setor e por considerar que há carência de recursos humanos no mercado, recomendaria esta via profissional.
Mesa redonda
Ao Luís, juntou-se o André Moreira, e no contexto de uma mesa redonda moderada por Ana Maria Pereira, que reuniu os estudantes com Pedro Quaresma, engenheiro florestal da Associação Florestal de Entre Douro e Vouga (AFEDV), e Hélio Soares, empresário da indústria de transformação de madeira, e contou com sucessivas intervenções da plateia, refletiu-se sobre a importância da floresta, o seu papel na economia local, e o seu potencial no futuro profissional das novas gerações.

Começou-se por desconstruir algumas das ideias que os resultados do inquérito demonstraram, nomeadamente quanto à remuneração e ao tipo de trabalho na floresta. Hélio Soares e Pedro Quaresma esclareceram que os trabalhos no setor florestal são muito diversos, os mais pesados apoiados por equipamentos específicos, e bem remunerados - operadores de máquina, por exemplo, auferem salários bem superiores à média nacional - em parte, porque há falta de mão-de-obra. Pedro Quaresma referiu a insuficiência de engenheiros florestais, face à procura, e, quando questionado, fez a apologia em enveredar por esta carreira profissional: formação muito abrangente, saídas profissionais diversificadas, boa remuneração; e deu nota de algumas áreas em que o papel do engenheiro florestal é importante: gestão de espaços florestais, gestão de recursos naturais, ordenamento do território, indústrias de base florestal, ensino e investigação, etc, etc.
Os estudantes suscitaram outras questões, como quais seriam as alternativas à monocultura de eucalipto e pinheiro, ou de como compatibilizar a vertente económica e ambiental. A preocupação com a biodiversidade e com a floresta nativa enquanto promotora de biodiversidade, fez-se também sentir.
Observou-se no entanto, que aos proprietários faltam alternativas rentáveis e que o ciclo de retorno económico, mais curto, do eucalipto continua a ser atrativo. Por outro lado, nas outras fileiras que os proprietários poderiam seguir, a falta de boas práticas e a instabilidade legislativa dificultam a consistência de atitudes. Sugere-se que o castanheiro pode ser uma boa alternativa, em certos casos, mas que se pode e deve aprender com a forma de gestão e profissionalismo adotados nas plantações de eucalipto. A ideia de compensar os proprietários pelos denominados “serviços de ecossistema” foi também trazida à conversa.
Os jovens interrogam-se como agir para alterar a realidade. Aventaram o papel importante dos centros de investigação com vista a encontrar formas de valorização dos recursos florestais e relembraram ainda que as escolhas de cada um, enquanto consumidores, podem ter impacto na mudança. Hélio Soares aproveitou e lançou o repto para que estes se informem e se juntem a organizações e associações que estão no terreno, dando o seu contributo.
Não faltou, claro, a interpelação aos mais velhos, pelo estado em que a floresta se encontra, mas isso acabou por servir para explicar ao jovens porque é que no contexto socioeconómico do passado a estrutura que hoje deixou de ser funcional, servia os seus propósitos.
Apostados que estão em implementar uma nova visão, André Moreira observou que é preciso ir além das ideias ou das fotografias e “sujar as mãos”. Vamos a isso!

As professoras Elisa Pinho (AEE) e Glória Tavares (AEA), impulsionadoras e mentoras dos alunos na preparação das Jornadas Juniores, estão de parabéns.
Um porta-voz dos juniores voltará a fazer-se ouvir sobre estas temáticas no dia 27 de abril, na sessão final das Jornadas, que terá lugar na Loja Interativa de Turismo.
Fotos: CMA
Referências nos Media:
Arouca debate "A floresta de que precisamos", Roda Viva jornal