"Viveu-se Arouca" ao Serão




Apresentamos uma síntese dos assuntos abordados no primeiro Serão do Círculo, que decorreu no ambiente acolhedor da Casa dos Doces, no passado dia 26 de agosto, desvendando o tema "Viver Arouca".

Quem somos, onde e como vivemos …

OS AROUQUENSES

Reconhece-se que, quando estão fora, os arouquenses são entusiastas defensores e divulgadores do nome e das virtudes da sua terra.

De um modo geral, os que residem cá gostam de viver em Arouca e os que saíram fizeram-no por razões de emprego, de estudo ou em função do exercício de uma atividade decorrente da formação adquirida.

Muitos dos que estão fora procuram sempre vir a Arouca em determinadas alturas: fins de semana, festas cíclicas, encontros de família ou de amigos. Mais tarde, quando mais libertos de compromissos profissionais, é a Arouca que voltam com mais frequência, por mais tempo, ou mesmo para voltarem a residir cá ou …

Mas também é frequente haver pessoas que, tendo vindo trabalhar para Arouca, depois de um certo tempo, se sentem “cativadas” pela terra e passam a considerar-se, também elas, arouquenses.

A GERAÇÃO MAIS JOVEM

Contrariando alguma ideia de que a nossa juventude pudesse ser menos preocupada com a sua formação e com o futuro ou desinteressada da realidade de Arouca, foi salientado que, com agradável surpresa, alunos das escolas de Arouca, a cada passo, são notícia pelos prémios que arrecadam, mesmo a nível internacional, fruto de projetos que desenvolvem e com os quais concorrem com outras escolas.

Releva-se também o grande número de jovens que, frequentando as diversas agremiações culturais, em acumulação com a sua formação escolar, apresentam-se com grande qualidade, nomeadamente os que integram as bandas musicais e frequentam as sus escolas.

O ESPAÇO FÍSICO

O concelho de Arouca é um espaço geograficamente muito variado, com serra, vales e rios, a Freita, a Senhora da Mó, o vale de Arouca, o rio Paiva… que se distinguem como espaços naturais de grande beleza.

Dentro do concelho salientam-se 41 “Geosítios” classificados como locais de interesse geológico, alguns fenómenos raros, que, a partir da Serra da Freita e estendendo-se por todo o concelho, determinaram a constituição do “Arouca Geoparque”, reconhecido pela UNESCO que o integrou na rede internacional de Geoparques e que já manifestou preocupação pelo desastre ecológico provocado pelo incêndio de agosto que destruiu cerca de metade da vegetação do concelho.

Constata-se que o crescimento urbanístico é notório em todo o concelho, mas com relevância para o Vale de Arouca e em particular na Vila e Burgo. Reconhece-se, no entanto, que é feito respeitando a orografia do terreno e que as construções não colidem em volumetria com o Convento.

A CULTURA DO POVO DE AROUCA

A História milenar de Arouca, a vinda da Rainha Santa Mafalda para o Convento e o estatuto de Convento Real facilitaram a existência de um riquíssimo património que se consubstancia, hoje, no próprio Convento cuja Igreja, Coro e Órgão (felizmente com um organista residente) formam um conjunto de valor artístico ímpar, no Museu de Arte Sacra que reúne um conjunto de obras de arte de grande qualidade (infelizmente pouco divulgado e pouco visível para quem chega de fora), na Igreja da Misericórdia com seu magnífico teto, seu recente núcleo museológico e no belíssimo e raro Calvário ao cimo da Rua Dr. Figueiredo Sobrinho. Destaque ainda para a freguesia de Rossas (antigo feudo da Ordem de Malta, sendo visível a presença da sua cruz na igreja matriz e na demarcação do seu território), a igreja de Urrô com a singular torre sineira e a riquíssima talha dourada e a existência de algumas portas laterais de estilo românico em outras igrejas paroquiais.

No campo da Música é relevante a existência de um cancioneiro que reúne mais de 500 composições populares, determinando, a par de outras recolhas etnográficas, a existência de inúmeros grupos que ao longo dos tempos se dedicaram à sua interpretação e apresentação, com relevo, para o Grupo Etnográfico de Moldes e para o Orfeão de Arouca. Muitas destas canções tradicionais que, de um ponto de vista sociológico, refletem os diferentes momentos da vida das Comunidades Arouquenses, têm sido tratadas, pela qualidade musical das suas melodias, de uma forma mais erudita, transformando-se na base de novas composições para coro a várias vozes e algumas com acompanhamento instrumental, nomeadamente por um compositor de origem arouquense.

Em praticamente todas as freguesias do concelho existem Grupos Folclóricos, os quais, mais estruturados a partir da criação da Feira das Colheitas em 1944 e, mais tarde, com os cortejos das oferendas para a construção e sustentação do Hospital da Misericórdia, continuam ainda, ano após ano a apresentar-se em desfile e em palco durante a Feira das Colheitas.

A cultura musical do povo arouquense traduz-se também na existência de três bandas de música centenárias que ao longo dos tempos mantiveram um auditório interessado, conhecedor e crítico. As três possuem escolas de música que formam as novas gerações e garantem a sua continuidade.

Também na arte da representação subsistem diversos grupos de Teatro, herdeiros de inúmeros outros que ao longo pelo menos do século XX, mais estruturados uns, mais informais outros, se dedicam a esta arte.

DESENVOVIMENTO DO TURISMO

Arouca tem atualmente um conjunto vasto de áreas apelativas que respondem aos diversificados interesses das pessoas que nos visitam, trazendo cada vez mais pessoas ao nosso concelho: na gastronomia salientam-se os pratos de carne de raça arouquesa e a requintada doçaria conventual; os amigos da natureza são atraídos pelas belezas da Serra da Freita, pelos passadiços do Paiva ou, um grupo mais restrito, pelos desafios das águas bravas do Paiva e Paivô; o Geoparque, com relevo para a Queda da Mizarela, as Pedras Parideiras e as Trilobites de Canelas, é uma forte motivação para a visita de muitos, em particular de professores e estudantes. São já muitas as pessoas que procuram Arouca para umas férias de repouso. O Museu de Arte Sacra carece de maior visibilidade.

AGRICULTURA E EMPRESAS

Se a Agricultura se mantém em grande parte com uma estrutura de minifúndio e pouco mais que de subsistência, tendo os agricultores a possibilidade de escoar os excedentes de produção através da “Loja Agrícola” (parceria entre Câmara Municipal de Arouca e Associação Florestal de Entre Douro e Vouga) e de uma feira quinzenal de produtores na Vila, a nível empresarial surgem já algumas entidades com perspetivas de inovação, um dinamismo mais moderno e capacidade de trabalhar em parceria e complementaridade (Projeto “Gomos”, entre outros).

Alertou-se para a necessidade da conclusão da variante entre Cela do Arda e o nó da A32, de modo a cativar mais investimento com características devidamente integradas na paisagem arouquense, que respeitam o ambiente, com uma postura não poluente.

O ASSOCIATIVISMO EM AROUCA

O concelho de Arouca é fortemente marcado pelo associativismo contando com dezenas de associações com diferentes finalidades e vocações desde as de cariz solidário às cívicas e culturais, das recreativas às desportivas e artísticas. Desenvolvem projetos diversos, uns com o sentido de serviço à comunidade, aos mais desprotegidos, outros vocacionados para a preservação da memória histórica e cultural ou para a realização de atividades de recreação ou desportivas. São entidades que contribuem para a coesão da comunidade arouquense e perspetivam uma vida melhor no futuro.

DESPORTO

A nível do Desporto o Futebol Clube de Arouca passa em poucos anos de um clube com dezenas de anos de vocação regional para a primeira divisão nacional, chegando no presente ano a fazer uma incursão na Liga Europa, projetando mais longe o nome da terra e trazendo mais visitantes a Arouca.

Mas localmente não é descurado o incentivo à prática de desporto pelas camadas mais jovens da população. São comuns os torneios entre equipas infantis, juvenis e juniores do concelho.

O QUE PODEMOS DAR A AROUCA?

Incentivar as associações locais a trabalharem em rede, numa ótica de complementaridade, através do aproveitamento de sinergias, tendo em vista uma melhor divulgação das suas atividades culturais e científicas, no concelho de Arouca e fora dele.

Pensar a agricultura como um potencial de Arouca, apesar do minifúndio, do individualismo e das tradições.

Reformular a floresta, contribuindo e insistindo na rápida elaboração de um plano de reflorestação por parte das entidades oficiais para que haja coordenação entre as atividades a desenvolver pelo sector público e pelos privados.

Relativamente à inovação, o desenvolvimento de novos projetos locais que aliem os processos tradicionais e linguagens contemporâneas, envolvendo a comunidade e as indústrias que coabitam na região, de que são exemplos a “Pinguça” e o “Gomos”, concebidos para uma escala global.

Promover relações entre “seniores” e jovens, numa perspetiva de aprendizagem mútua.

Fotos do Serão